Ao nos mostrarmos ouvintes, gostaríamos realmente de passar a idéia da coautoria da história, como se fosse algo a ser importante para o relacionamento que ocorre neste momento. Não é. Em raros momentos da conversa existe uma interação (e não correlação, pois se conversar sobre a mesma coisa, mas não sobre o mesmo fato) entre autores. O que se vê é uma disputa entre locutores. Alguém sempre tem algo interessante a dizer com relação ao que já foi posto, mas pouco se complementa.
Os exemplos de situações onde você de fato é ouvinte (que é o foco deste tema) são limitados a espectação de palestras específicas e a sermões de um não coetâneo. Mas como fruto dessa ação, nos tornamos responsáveis pela perpetuação dos ensinamentos, míticos ou não, para se perfazer uma idéia de espaço, onde o ouvinte é menos, por apenas ouvir (este não entendem as ricas nuances do bom passar de informações), enquanto que o locutor torna-se senhor do momento, impondo por vezes falácias que predispões seu argumento.
Não esperamos e, principalmente, não queremos o domínio do outro na conversa. Torna-se sempre importante que saibamos o teor da conversa, ou que tenhamos força o suficiente para encostá-la, reprimindo a cegueira relacionada ao nosso conhecimento.
Repare que, neste embate, fica vívida a noção do animalesco (por vezes cordial) de uma conversa. Assim encerra-se à um ouvinte o papel de estúpido espectador, pois este até tem o direito de falar, mas não poder para tal.
Existem casos ainda em que o ouvinte se vê na parede por problemas na compreensão do locutor. Tanto na dicção quanto na argumentação, onde a sofisma torna-se comumente empregado e exasperadamente divulgada.
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