Saturne 2 - De Sphaera, manuscrit italien - XV° siècle |
Nosso
planeta possui mais de 4,5 bilhões de anos. Somos atacados constantemente por
forças cósmicas de irradiações provindas de estrelas explodindo em distâncias
não menores que 25 milhões de anos-luz. Meteoros nos atingem numa frequência de
centenas por anos, a maioria deles desintegrados pela sua fricção com nossa
atmosfera. Um “leve” desvio do nosso planeta em função da órbita de Júpiter,
aliado a isso a posição ideal deste mundo com relação à distância da estrela
mais perto, o Sol, e a distância necessária de outras estrelas e do centro da
nossa galáxia.
Agora,
pensemos no conceito de se observar todas as circunstâncias que nos remetem a
sermos especiais: um deus que nos ama e nos fez à sua imagem e semelhança,
quando sabemos que a quantidade de planetas no universo observável é maior que
17 bilhões; que sempre estaremos protegidos na fé e na crença de que o dia
seguinte será melhor, quando a nossa própria história (tanto humana quanto
astronômica e geológica) nos indica o quão isso é aleatório; quando se pensa
positivo o universo conspira ao seu favor, quando o universo sempre se tem
mostrado indiferente aos nossos desejos e, independentemente se ações ocorridas
favoreceram o surgimento da vida, o universo é lugar inóspito e suas ações
podem aniquilar em instantes qualquer tipo de vida, em qualquer lugar.
Somos
vaidosos e arrogantes ao conjecturarmos as ocorrências em nossa volta como
forma de agradecermos a quaisquer entidades divinas a criação donde estamos e o
que somos. E caricaturamos estas entidades das maneiras que enxergamos a
natureza, e a nossa própria. Deuses antropomorfizados são resquícios das nossas
necessidades de compreendermos a natureza e repassarmos este conhecimento. Mas
a sociedade humana – de maneira geral – estagnou-se neste aspecto. Ainda
queremos sempre crer que tudo a nossa volta possui um significado intrínseco a
nós, e nos atemos a isso como se a própria natureza dependesse do que fazemos e
pensamos. Nem mesmo a natureza humana e social possui esta dependência.
Somos
atingidos todos os dias com notícias e informações sobre os infortúnios,
massacres, desastres naturais, ocorrências sem uma premonição e precondição
estritamente à ocorrência. Muitas ações humanas possuem seus cálculos com
relação às consequências, mas ainda estas são baseadas na história e
psicologia, sem nenhum advento de elevação espiritual.
Tentar
utilizar de pseudociências para as conjecturas que agradam seus receios íntimos
são os caminhos mais comuns, não apenas por serem de fácil compreensão (nem
todos o são), mas por oferecerem o que nossa sociedade há milênios almeja:
respostas diretas e envolvidas às duvidas destas pessoas. Estas respostas não
são de forma nenhuma trabalhadas no intuito de se advir tudo que tange e o que
cerca as ações e reações naturais. Elas são espasmos de criatividade que são
aderidas sem qualquer análise mais profunda. Qualquer análise será cíclica,
tendendo a aceitar a premissa falsa como verdadeira. A astrologia é um bom
exemplo disso.
A concepção
da individualidade condiz apenas para a própria pessoa, e muitos se sentem
realizados com isto. Mas esta mesma concepção é a tendência de se ignorar
parcimoniosamente toda e qualquer evidência que lhe cerque, para um bem
individual que tangencia qualquer outra pessoa. O quão desse pensamento individual
pode ser prejudicial a si próprio e a outros vai depender do grau de
internalização das ideias que esta concepção produziu ao longo dos anos. Já os
males relativos às concepções religiosas, que afetam milhões de pessoas ao
mesmo tempo, já foram longamente discutidos neste blog e podem ser revistas
neste.
Por assim,
podemos entender que a natureza e suas ocorrências são importantes e
interessantes para nós, mas não que estas de fato possuam uma consequência para
nós, o que é diferente. O universo possui sua existência indiferentemente de
nossas emoções.
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