Gustav Coubert - Self Portrait |
Em diversas
discussões que ocorrem mundo afora o tempo todo, uma maneira bem singela – e prática
– de evitar um atrito maior é levar para o intento do respeito, como se este
fosse um extintor (ou uma mordaça). Mas o que nunca fica claro é que tipo de
respeito esta pessoa está pedindo. O que se vê com frequência são pedidos
ressabiados de finda da discussão, como um medo tácito de ver o desmoronamento
de linhas até então lógicas pela parte tocada.
O que podemos
exprimir aí é que, sendo assim, abre-se uma brecha gigantesca para que quaisquer
absurdos em forma de ideias sejam levados à luz duma discussão e, assim que
revisto parâmetros não condizentes, intitulado o mesmo como “direito de opinião”.
É claro que, aqui, estamos falando basicamente da subjetividade do generalista
comportamento humano, mas com as nuances que lhes são características.
No embate sobre
os direitos homoafetivos, por exemplo, e tudo que costuma lhe cercar, é muito
comum que se chegue a determinado ponto onde haverá a discordância como o foco,
desprendendo parcimoniosamente do objetivo humanista da peleja (se esta assim
for, claro). Pode-se chegar ao ponto, inclusive, de se defender os direitos
daqueles que são contra vários aspectos desta união (civil, sexual,
intelectual), alegando que “todos temos direitos a ter uma opinião”. Claro que todos
temos, mas temos responsabilidades sobre elas, também. Onde se chega a
evidenciar que quer se distinguir ‘opinião’ de algo com a subsequente ação.
Não, não o é. Quando se emite uma opinião, esta chegará a um ou vários ouvidos
diferentes, que poderão ser total ou parcialmente modificadas ao bel prazer daquele
que escuta. Isso cria uma bola de neve gigantesca e de proporções incalculáveis.
Rachel
Sherazede deu uma opinião estapafúrdia, mas num meio de comunicação de massa, o
que clamou numa quantidade gigantesca de pessoas a apoiarem suas ideias peniafobicas,
o que resultou numa média de um linchamento por dia.[1]
Assim, como arrefecer a responsabilidade da autora da opinião frente aos acontecimentos
registrados, exponencialmente visíveis?
Dar sua opinião é seu direito, mas é seu dever arcar com o que é dito.
Dito isto,
deve-se compreender que o respeito à opinião e ao professor da mesma não é algo
indiscriminado, incondicional, mas que deve sim interagir com a conexão que a
mesma faça com os princípios discutidos. E se for falar de situações referentes
aos direitos das pessoas de se posicionar e serem o que querem/são, isso se
torna mais importante ainda esta compreensão. Emitir ideias que simplesmente
atentam contra este princípio humano básico é não apenas querer obliterar
outrem dos seus direitos fundamentais, mas desapropriar a racionalidade que
poderia existir na sociedade. Ensinando que alguém não tem determinado direito
de ser livre, nada impediria – intelectualmente – de a mesma lógica ser
utilizada contra aquele que impediu.
Portanto, assim
sendo, uma opinião que vá de encontro ao humanismo mais profundo não possui
quaisquer motivos para ser respeitada, nem mesmo seu provedor. Mas claro, isso
não significa dar vazão a qualquer tipo de violência. É mais um exercício de
entendimento de princípios humanos gerais.
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