Samba no Morro - Ettore Marangoni |
Aprender foi, por séculos, privilégio para poucos. Por mais que tanto se falasse e se
concluísse com relação a educação, que se estudasse seus métodos, sua pedagogia
e fisiologia, ainda assim a pratica educacional institucional era restrita aos
poucos que eram vistos como futuros cidadãos, a se encaixarem-no perfil social
desejado. Esta realidade não foi diferente no Brasil até a metade do século
XIX, e teve variadas dificuldades para se modificar de lá para cá.
Vários saberes socialmente significativos como a presente industrialização brasileira, o “agravamento” da escravidão seguida de sua abolição, bem como migrações e imigrações cooperavam (forçaram) numa vagarosa mas exigente mudança deste quadro educacional, ao ritmo de aproximadamente um século foram inserido novos conceitos para o aprender e o lecionar.
Vários saberes socialmente significativos como a presente industrialização brasileira, o “agravamento” da escravidão seguida de sua abolição, bem como migrações e imigrações cooperavam (forçaram) numa vagarosa mas exigente mudança deste quadro educacional, ao ritmo de aproximadamente um século foram inserido novos conceitos para o aprender e o lecionar.
A população
brasileira flagradamente majoritariamente pobre e excluída, moradores rurais e de pequenos vilarejos, possuía não mais que a educação informal, ministrada por
homens e, de forma abrangente, para meninos Neste panorama, às meninas suas instruções básicas e voltadas para uma visão de dominação macho-normativa,
servidas em suas próprias casas.
Estas
instruções às mulheres também eram vistas nas cidades maiores – estes polos econômicos
e políticos - mas o mais comum era, em vista de sua invisibilidade, possuir uma
estrutura física e diagramática geralmente provinda da Igreja Católica e com a
“devida” separação entre meninos e meninas.
Não nos é
possível separar esta visão sexista da educação da segunda metade do século
retrasado do fato que a própria magistratura era masculina. A visão que existia para a mesma ser feita por mulheres era de sua incapacidade na formação
dos ideais necessários aos futuros cidadãos.
O principal
fator, portanto, da “feminilização” do magistério foi a grande demanda de mão
de obra nas várias fábricas e indústrias que surgiram e que traziam uma renda maior.
Os homens então foram migrando para estas áreas e o lecionar se tornou algo
pouco atrativo. As mulheres, por sua vez, começaram a ocupar estas vagas, também
como forma de um certo empoderamento diante da realidade que se mostrava a
elas: serem parideiras e mantenedoras do lar, uma função importante para os
conceitos de dominação masculina.
Assim foi possível,
através desta nova visão, que - na educação - podia-se trazer novos preceitos
que realmente justificassem o positivismo proposto quando da proclamação da república.
As classes mais afastadas, tanto geograficamente quanto socialmente, da
realidade das escolas poderiam perceber no início do século XX o início de uma
ampliação em que o Estado via as necessidades de buscar os sentimentos de progresso
e ordem, vindo então a aumentar a visibilidade às crianças destas camadas.
Esta visibilidade foi lenta e muito mais voltada para o estabelecimento dos poderes
políticos e estruturais em regiões estratégicas, regiões estas que cresciam em
demasia e cobravam a atenção governamental, como reação à prática de estudos
que fomentassem as necessidades político-industriais.
Desta forma
também podemos ver a população negra, excluída em sua totalidade após a abolição
da escravatura. Esta tenta aos poucos se mover na conformidade de uma sociedade
estratificada, e a educação assim acompanha esta característica. Mas sua
marginalização é tão disseminada em vários dos locais em que estas se
encontravam que sua parca aceitação foi a última a se conseguir observar na
escola. Dentro da ideia hegemônica até então de que os negros não possuíam capacidade
cerebral suficiente (e o mesmo, a pouco, era visto nas mulheres), dificultava
sua inclusão nos prédios e dos próprios conceitos de aprendizado.
Nossa
sociedade foi (e porque não dizer, ainda é) regida por padrões de estigma da
elevação ocidental cristã. Sempre tivemos o imperativo da força e da
inteligência e, portanto, da dominação dos homens brancos, burgueses e
financeiramente e politicamente dominantes. As concepções com relação à
educação eram exclusivamente voltadas para seus benefícios (inclusas aí aquelas
voltadas para as mulheres) e a manutenção deste status. A entrada de outros
grupos que não os acima citados foi então, genérica e pouco efetiva aos
padrões que se exibia exigir, mas ocorreu. E continua ocorrendo.
Referências:
PRIORE, Mary Del. Mulheres na sala de aula in História das Mulheres no Brasil. São Paulo. Ed. Contexto, 1997
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: A formação e o sentido do Brasil, 2ª edição São Paulo, Cia das Letras, 2004
LOPES, Eliane T., FARIA, Luciano M., Educação Jesuítica no Brasil Colonial in 500 anos de educação no Brasil, 2ª edição, Belo Horizonte, Autêntica, 2002
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